terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

MSCB


Fábio Allex & banda e manifesto oficial do Movimento da Mobilização Social e Cultural Baluarte (MSCB).


No ensejo do show do cantor e compositor Fábio Allex, ex-banda Mythra, em 25 de fevereiro, às 19h, no Canto da Ema, acontece o lançamento oficial do manifesto do Movimento da Mobilização Social e Cultural Baluarte (MSCB). Na ocasião haverá também relançamento do livro Os dias perambulados & outros tOrtos girassóis, de Antonio Aílton.  

MOVIMENTO DA MOBILIZAÇÃO SOCIAL E CULTURAL BALUARTE (MSCB)
Fundado em 20 de abril de 2010, pelo cantor e compositor Fernando Atallaia, o Movimento Baluarte trata-se de uma ferramenta conceitual a fim de evidenciar diretrizes, propostas e abordagens voltadas para a conjuntura cultural do Estado a partir dos municípios. Ademais, é a ratificação de que a cultura maranhense não se resume em carnaval e São João.

Outrossim, é a defesa da pluralidade cultural oriunda de inquietações e questionamentos com abertura para adesões e diálogos com a sociedade, mídia e classe artística.

Vale salientar que o MSCB não é apenas um mecanismo para a promoção de trabalhos artísticos em prol do entretenimento, é, sobretudo, a oportunidade para debater sobre a “invasão cultural de outros estados” no Maranhão em detrimento da vasta produção local, isto é, sem contemplar a continuidade da arte produzida no Estado.

Desse modo, o Movimento busca reivindicar políticas públicas, compreender a função dos atuais gestores culturais e inserir os trabalhos supracitados em nível nacional.

Além disso, a manifestação visa preencher lacunas, romper arestas e dar vazão às perspectivas que, naturalmente, surgem no contexto cultural de cada Estado e em todas as gerações.

O MSCB reunirá todos os pólos artísticos do Maranhão, iniciando em Paço do Lumiar e percorrendo por São Luís, São José de Ribamar, Raposa, Alcântara, Pedreiras, Caxias, Imperatriz e, posteriormente, em demais cidades do Estado.

Contatos:
Fábio Allex (98) 9615-4816/ fabio-allex@hotmail.com
Fernando Atallaia (98) 8178-7045/ atallaia.baluarte@hotmail.com

 MANIFESTO 

1.      Contra a invasão cultural depredatória, violenta e sorrateira existente na geografia do estado e pela valorização do artista nacional (estadual) enquanto produtor em seu município de origem.

2.      Pela formação de uma plateia voltada para o trabalho artístico autoral e pelo fortalecimento de um público consciente e partícipe do debate nas esferas da estética e dos desdobramentos culturais.

3.      Contra a imposição midiática de uma cultura sobre a outra e supervalorização dos meios de comunicação em detrimento da produção artística.

4.      Pelo fortalecimento e viabilidade da livre criação de caráter original, assim como a propagação, difusão e divulgação em níveis de igualdade com outros estados brasileiros.

5.      Contra o favorecimento abusivo, politiqueiro e tendencioso de artistas em detrimento de outrem.

6.      Contra o bairrismo, folclorismo e ludismo exacerbados existentes no estado, elementos nocivos à universalidade da criação e expansão artística.

7.      A favor de todas as formas de expressão do pensamento, embasadas nas aspirações humanas mais profundas, peculiares, inatas e idiossincráticas.

8.      Contra a desigualdade cultural perceptível e patrocinada pelos meios de comunicação, onde imperam programações lineares, homogêneas e repetitivas, orquestradas propositadamente pela indústria fonográfica no Estado. Contra o jabá e os aliciamentos escusos mantidos pela indústria cultural de exploração nessa área.

9.      Contra as formas de entretenimento barato, propulsoras da alienação, do embrutecimento e da violência.

10. Por uma grade de programação livre e plural, que contemple as abordagens musicais concebidas a partir da diversidade sonora deflagrada em todo território estadual.
11. Pela inclusão do artista estadual (de todas as gerações) nas grades de programação dos eventos promovidos pelas secretarias de cultura estadual e municipal.

12. A favor de um intercâmbio cultural aberto e dimensionado na excelência das vertentes, tendências e expressões artísticas múltiplas (intercâmbio literário, teatral, coreográfico, histórico, musical) existentes no Estado.

13. Contra a Cultura como área de atuação governamental secundária e complementar, voltada para o entretenimento datado, como festas e comemorações.

14. A favor da Cultura como área de atuação essencial, com determinações sistemáticas dentro de um programa que contemple todas as formas de expressão artísticas em projetos culturais semanais, direcionados aos mais diversos públicos.

15. A favor da Cultura como estrutura governamental imprescindível e de alta e flagrante importância, assim como são as áreas da Saúde, Educação e Segurança Pública.

16. Pela democratização da cultura e da arte como forma de construção da cidadania e consolidação de políticas de educação cultural pragmáticas e atuantes.

17. Pelo casamento das pastas de Educação e Cultura nas esferas dos governos municipal e estadual, ou seja, dar vazão, flexibilidade e praticidade às ações de ambas.

18. Pela profissionalização do artista maranhense e valorização de seu trabalho artístico, enquanto multiplicador, agente e produtor cultural, com cachês e pagamentos dignos, definidos em nível nacional, em suas respectivas áreas de atuação.
19. Pelo debate e discussão em torno do fazer cultural em todas as áreas artísticas e promoção de eventos culturais (palestras, mini-cursos, workshops, debates, seminários, conferências, encontros) nas redes estadual e municipal do ensino público.

20. Pelo mapeamento, pesquisa e levantamento de dados de autores e obras culturais que estão à margem do processo de visibilidade, sofrendo arestas em suas produções e confinados ao ostracismo, no tocante ao reconhecimento do público e das novas gerações.
21. Pelo fortalecimento da memória histórica, cultural e artística e sua consolidação nas esferas do Patrimônio Material e Imaterial, Antropologia Aplicada, Museologia, Historiografia e Educação.

22. Pelo mapeamento e acessibilidade das linguagens artísticas concebidas nos municípios maranhenses e nas comunidades a eles pertencentes.

23. Pelo fortalecimento da identidade cultural nos municípios, a partir de medidas práticas (produção de espetáculos, antologias, livros, coletâneas, debates, encontros, reuniões, álbuns, discos, programas culturais consistentes e contínuos) de valorização do artista e produtor estadual residente nos mesmos.
24. Pela construção e elaboração de um Plano Anual de Cultura que contemple todas as áreas e segmentos artísticos dentro da indústria cultural (editorial, fonográfico, curadoria, espetáculos, pesquisa, gestão).

25. Pelo diálogo e livre interação entre a Cultura e demais áreas sociais (Turismo, Hotelaria, Educação, Políticas e Segurança Públicas, Saúde), no intuito de estabelecer e gerir programas e projetos culturais voltados para as necessidades e lacunas das áreas em questão.

26. Pela fomentação, produção e registro de shows e espetáculos que dêem visibilidade às nuances criativas dos artistas do Estado, sem pré-conceitos, separatismos, acepções e distinção.

27. Pelo Rock; Baião; Jazz e Tambor de Crioula; pelas Artes Plásticas e pelo Hip-Hop; por Miles Davis; João Mohana e o Samba-Blues; por Beethoven e Patativa; por Nauro Machado e Baudelaire; pela Praia Grande e pelos Ares Sul-Americanos, Africanos e Europeus; por Lucy Teixeira e Silvia Plath; por Uimar Cavalcante e Al Jarrour; pelo Portinho e pelo Museu do Louvre; por Andy Warhol e Ciro Falcão; por James Brown e César Teixeira; por Frank Sinatra e João do Vale; por Mestre Antonio Vieira e pela Motown; por Leonardo da Vinci e Antonio Almeida; pelo Butoh e por Olinda Saul; por Harold Bloom e Franklin de Oliveira; pelo Bebop e pela Soul Soul; por Charles Aznavour e Raimundo Soldado; por Billie Holiday e Célia Maria; por Chet Baker e Nonato e Seu Conjunto; pela poesia das pessoas; do Pessoa; do chão e das alturas; pelos regimentos existenciais de Deo Silva e José Régio; pela ilha que se esvai e pelo parto diário de Nascimento Morais Filho; pela fome e pelo pão nosso e vosso de  cada dia; pelos proventos mensais do artista que precisa beber; comer e vestir; pela conta de luz e água do cantor; pelo feijão e arroz do poeta; pela conta de telefone do escritor e pelo material escolar de seus filhos; pelo ardo e sofrível trabalho educacional; humanístico e   pensamental do artista; e por todos aqui presentes; que assim o queiram. Eis aqui o nosso Movimento!

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