(FÁBIO ALLEX)
No jardim, procuro as flores que plantei, das mesmas flores que te dei.
Naquelas flores, eu sentia o teu perfume. Tempo em tempo, eu volto ao mesmo lugar,
Lugar que tu não mais estás. Volto p’ra tentar te reencontrar.
Tive vontade de partir também, o avião ensinou-me como fazer, mas vi o meu corpo no
Alto, como se outro. Sem paraquedas.
Sumiu do mapa, não tenho mapa, não tenho bússola.
Nem mesmo escala, nem Leste ou Oeste. Só mesmo a intuição.
Cadeiras de rodas e motocicletas. Gravatas, ternos e atletas.
Jardim-tesouro, ouro-estrume.
Quero o encanto mafuás atrás do muro, o puro vento, um grito certo, um sussurro.
E o jardineiro que tão pulha, pungiu-me.
Mesmo que peta, traiçoeiro, despetalado. Um perigo sem cuidado, o céu nublado.
Daquelas flores, nenhuma pétala. Só espinhos. Só espinhos.
Sumiu do mapa, não tenho mapa, não tenho bússola.
Nem mesmo escala, nem Leste ou Oeste. Só mesmo a intuição.
E às vezes não.
(09-11-1999)
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