sábado, 2 de junho de 2007

INDIAGNOSTICÁVEL

(FÁBIO ALLEX)

Cá a pensar estou, se estou pensando. Infinitivo ou gerúndio p’ra pensar melhor?
Não importa, eu sei. Tudo bem, o que me pedires farei. Irei ao longe até voltar.
Jogar-me-ei no céu, cairei no mar. Não sei voar, vou afogar-me. Mas não importa,
Nunca importou. Já estou morto, sepultado, decomposto aos bichos-terra.
Não existo, só resisto. Meu passado e futuro diluem-se no presente.
Histórias e contos por veias e artérias. Estou tão vivo, tão inocente,
Um tudo-nada, quase-demente. Às vezes lúcido, só p’ra relaxar, relembrar,
Alucinar. (Palavras macabras, verbos inúteis.)
Correndo, voando. Tudo importa, é importante, sempre importou.
A andar, a flutuar. Cinzas e rosas, pedras e pó, nuvens e chão, chuva-suor.
Aquele erro foi a opção mais certa que não pude escolher.
Por tantas vezes meu velório, por tantas vezes, eu nasci. Foi sempre assim.
Outras palavras, ramos de flores, ao encontro do acaso está bom p’ra mim.
Às vezes não, às vezes sim. Não foi bom, não foi ruim...
Por ventura encontrarei. O caminho, eu sei, é por ali.
O caminho, eu sei, é por ali. O caminho, eu sei, é por ali.
O caminho, eu sei, é por ali.

(01-07-2000)

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