sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O VERNÁCULO NO LIQUIDIFICADOR

(FÁBIO ALLEX)

Já não sei o que é rock n’ roll.
Um corpo-padre do alto arranha-céu jogou-se.
O vigário chorando escondeu um sorriso, e o riso masoquista, o mercenário sádico indicou.
Arrancou mais risos e aplausos das marionetes,
Enquanto o lirismo de chapéu na mão, na escadaria.
Os alcoólicos anônimos dizem-se fazer democracia.
A estação fumou o vício, e é só o início do princípio.
As várias formas de amar uma mulher adulteraram o que foi singelo...
O flagelo na fila do hospital...
A C.P.I. vai apurar onde encarceraram a gramática, e vai ser notícia de jornal.
Já não sei o que é Brasil. São tantas pátrias.
Já não sei o que amor. Só o que vejo é rancor.
Já não sei o que é cor. Mancharam o arco-íris.
A estátua da liberdade aprisionou o Cristo Redentor.
E os reais ternos e gravatas com dólares no bolso, pagam só p’ra ver.
Alerta! Perigo! Polícia ou bandido? Agora é só você e mais ninguém.
Não se preocupe com o que vai vestir, ouvir ou falar.
Apenas siga o modelo na televisão, se é que está bom p’ra você.
Já não sei o que é rock n’ roll ou bossa-nova. A estação fumou o vício.
Já não sei o que é jogo. Apelaram p’ra ganhar.

(15-12-1999)

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