domingo, 22 de abril de 2007

SEM-SEGUNDO

(FÁBIO ALLEX)

Desculpe se não pude dar a atenção merecida.
Pelo suicida que sou, não poderei te levar comigo. Ninguém poderá ir.
Lá, muitas almas por entre becos, gritos roucos, muito medo, fé cansada,
Precipitação, loucura fatal, sofrimento.
Foi mal, não poder ficar mais, minha querida. Não diga nada, meu amor.
O tempo todo corremos perigo. Mas, ninguém vai destruir:
Nossas bocas e o beijo, nossos corpos e um desejo, tua pele e minhas mãos.
Teu rosto é real. É momento.
Duas bocas e um beijo, dois corpos e o ensejo, nossas vidas pelo chão.
Tua voz é Natal. Mas é momento.
Inquietude e muitas léguas; lápis, borracha e régua, espasmos sem compaixão.
O riso é carnaval. O resto, detrimento.
Mas há sentimento em nossas línguas: água e sal.
Não há igual.

(22-11-2004)

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