terça-feira, 1 de maio de 2007

O GRITO E O INFINITO

(FÁBIO ALLEX)

Em noites de frio, te procurei suando vinho, mares e lugares que te encontrei.
Em açoites e espinhos, eu sangrei, me cortando as horas, a chegada e o que eu deixei.

Levo o agora, evito a despedida.
O todo é só um pouco, e esse implora.
Lá fora, meu corpo habita.

O meu corpo em minha cama. Ao meu lado, a solidão reclama da tua ausência que transcende o quarto.
Perdido no espaço... Mas posso voltar...
Vai pondo a mesa, que eu já levo o pão.

Não vou embora, ofereço-te a minha vida.
O amor é um louco que tudo devora.
Em mim, uma paz que jamais será cinzas.

Trago do abismo, a luz que acaricia, um vento amigo, flores e manhãs.
Nossos odores perfumando a hortelã.
Não cai no esquecimento, os dias são a memória. Toda honra, toda glória é poder te tocar.
Bem que tento esquecer, mas isso já é lembrar.

Do infinito vem um grito que não demora pela hora da minha boca encontrar-se com a tua.
No meu ouvido, outrora aflito, tudo faz sentido. Até ouço sorrisos.
Pois, eu sou o grito.
E tu, o Infinito.

(01-09-2006)

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