terça-feira, 1 de maio de 2007

SEM-DITA

(FÁBIO ALLEX)

Sinta a solidão, mas deixe-a, abandone-a, porque dói, fere, seca e até arde.
Nem tudo que foi lido será dito, repetido.
Imprevistos acontecem e fogem como um covarde.
Preste atenção: a voz que não cala fica rouca, água e sabão lavam roupa,
Mas não limpam o que não for verdade. A água já não molha, sequer mata a sede,
O mato cresce e perde o verde. O que ficou, agora é saudade.
Tire os pés do chão, sinta o vento no seu rosto, respire fundo, sinta o gosto.
O que está fora será posto trazendo a liberdade.
Ache o tempo, fique quieto, perde-se o filho ao ganhar um neto.
Mesmo que longe estará perto e verá de novo a mocidade.
O pequeno verso terá versão. E de volta ao começo, no mesmo caminho do avesso.
A paz encontra-se ao lado da crueldade. Em paradoxo ao acaso, flutua o fundo, mergulha o raso. O sempiterno vem sem-termo e acompanha a eternidade.
Sinta a solidão.

(01-02-2001)

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