terça-feira, 1 de maio de 2007

PÉ NA TÁBUA

(FÁBIO ALLEX)

As luzes se apagaram, escuro na cidade. Ofusca um refletor,
O único que não apagou. Um vento releva a brisa, uma ideia inconcisa.
Intransigência! Por que tanta insatisfação?
As luzes se apagaram, escuro na verdade. As estrelas lá no céu,
Brincam de se esconder. Um vento releva a brisa, uma ideia sob cinzas.
Um chute na consciência. Até já me acostumei.

Norte e sul, pé na tábua. P’ra onde vou, não tem chegada.
Sou o que sou: não sou nada... Pés descalços sobre brasas.

As luzes se apagaram, escuro antes da tarde. Uma frase feita a lápis,
Sob tinta derramada no papel. Um vento releva a brisa, uma ideia que atiça.
Do avião sem paraquedas: peso-chumbo em mundo nenhum.
As luzes se apagaram, escuro na honestidade. No deserto é certo,
Numa viagem, a miragem delirar. Um vento releva a brisa, uma ideia que enfeitiça.
A âncora sopra a vela. Embarcação sem convés, marujo ao mar.

Onde estou é a minha estrada... Passo a passo pela madrugada.
Não há saída depois da entrada. Parece fim da linha, mas é só outra parada.

(06-02-2000)

Nenhum comentário:

Postar um comentário