sábado, 31 de março de 2007

ERMO

(FÁBIO ALLEX)

Sinto-me só, fico comigo. Em uma solidão, eu me abrigo.
Sinto-me só quando na multidão. O sol irradia-me escuridão.
Às vezes é bom sentir-se sozinho, é bem melhor p’ra escolher um caminho.
Às vezes, falta um carinho; às vezes, falta um perfume; às vezes, falta uma conversa.
A solidão altiva desconversa. As paredes já não dão conta do recado.
No espelho, o meu rosto cansado de solidão. Às vezes, falta um sentimento.
Qualquer coisa p’ra se sentir, que não seja solidão, que tire da boca, o gosto amargo.
Já não é bom sentir-se sozinho, a necessidade agora é outra.
Quero a chave dessa cela, outra companhia que não a minha sombra.
Às vezes, falta outro rosto, que não seja o meu cansado.
Às vezes, falta um afago, que não seja emancipado. Em prantos fica a minha pele.
Esse silêncio me ensurdece, quero ganhar outra coisa que não seja o que me dão.

- “Só lhe dão!" Só me dão, so... li... dão. E eu só, então. So... li... dão. Só - li - dão.

(09-06-1999)

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